sábado, 14 de março de 2015

[RESENHA] – Ciclo da Lua, de César Magalhães Borges

Título: Ciclo da Lua

Título Original: Ciclo da Lua

Autor: César Magalhães Borges

Quantidade de páginas: 92

Editora: Plêiade

Publicação: 2011

Preço Médio: R$ 2,30 – R$ 15,90





Sinopse:
“O ciclo inicia-se com a apresentação de uma carta lunar, cujas cores, verde, vermelho, violeta e azul representam, respectivamente, a primavera, o verão, o outono e o inverno como, também, os elementos da natureza. E nessa trilha do ciclo apresenta-se a lua. Segue-se a lua crescente por uma revoada de um vermelho carmim. Vem a lua cheia tecida num plantio de violetas. Aparece a minguante dando sua face em azul e renova-se o ciclo da lua nova aí, e vai...”

Opinião:
“Ciclo da Lua” trata-se de um livro de poesia, e esta talvez tenha sido a primeira vez que eu tenha lido um livro de poemas que tenha sido escrito por um autor que não seja muito conhecido. Com isso percebi que preciso fazer isso mais vezes. Ganhei este livro na escola há anos e nunca tinha me interessado em lê-lo, mas foi realmente uma experiência agradável e destacarei aqui os principais pontos positivos para que você também leia este livro.


Linguagem:
A linguagem utilizada por César Magalhães Borges está longe de ser medíocre, mas sua simplicidade chega a impressionar um pouco aos que já estão acostumados com a grande quantidade de floreios dos poetas. Ou seja, é um ótimo livro para aqueles que não costumam ler poesia no seu dia-a-dia e pretendem começar a fazer isso.

Organização:
As cores usadas nos poemas, como foi explicado na sinopse do livro, servem muito como uma forma de estabelecer agrupamento de textos e delimitar melhor sua temática. No geral, a maneira como esta organização de fases da lua e estações do ano foi colocada deixou bastante visível a barreira que difere os textos uns dos outros ou aproxima suas semelhanças.


Temática:
Fica bastante claro que o poeta estabeleceu a si mesmo uma temática e conseguiu cumpri-la com perfeição. No espaço reservado à lua nova e à primavera, por exemplo, encontramos poemas com caráter esperançoso, que falam sobre renovação e esperança. Já a parte reservada ao verão e sua lua crescente parece nos trazer poemas ensolarados, seja pelo sol que gostamos de aproveitar ou por aquele nos faz suar enquanto trabalhamos. O mesmo acontece com as características empregadas nos outros poemas de acordo com sua estação e fase da lua correspondente.

Liberdade:
É possível sentir a liberdade do próprio poeta ao escrever os versos, pois este não se mantém obrigatoriamente preso à uma padronização de estrofes ou a uma necessidade de rimas. A maior parte dos poemas presentes no livro não possui rimas e isso prova que não é necessário escrever versos rimados para que estes produzam a musicalidade buscada em toda poesia.


Acessibilidade:
Como foi informado ali em cima, o preço deste livro é extremamente barato e isso contribui muito para que a leitura dele seja disseminada com facilidade. Como o ganhei, não precisei comprá-lo, mas caso esteja interessado em adquiri-lo, recomendo que o procure diretamente no site da Estante Virtual. Por se tratar de um poeta pouco conhecido, não é tão fácil encontrar seu livro à venda e o único lugar em que consegui encontrá-lo foi lá.

Incentivo:
Todos sabemos que o Brasil possui grandes poetas, tais como Vinícius de Moares, Manuel Bandeira e outros. No entanto, o gênero da poesia não tem sido tão valorizado nos últimos anos por aqui, por isso é importante que também possamos ler bons poetas contemporâneos, como César Magalhães Borges. Isso incentiva a poesia nacional a crescer cada vez mais.


Olho o meu roçado
e nele vejo palavras.

Tudo o que
se voltar ao chão,
do chão voltará
em vida.

Tive de experimentar
toda cor de pecado e perdão
para um dia (talvez),
ser
branco, branco
purificado.

Eu poderia ter nascido branco,
poderia ter nascido claro,
Mas nasci
com a cor de todo homem
marcado com a carta do viver
sem prescrições.

É isto que nos conduz
à Terra
- plantar,
colher,
plantar,
colher... –
Um sol difuso,
fluido de luz e sombra.

Olho o meu roçado
e nele vejo palavras.

Palavra que se fez de medo,
Palavra que se fez de angústia,
Palavra que, de só,
se fez.

Palavra que se fez de encontros,
Palavra que se fez de amor,
Palavra que se fez por arte
e por enganos
também se fez.

A alma que se fez
da fala,
Palavra que se fez
Palavra,
Palavra que se fez,
de fato.

Um dia,
o céu se cumprirá
em nós.

(Plantio – César Magalhães Borges)

Espero que este poema e este livro possam ser apreciados tanto pelos amantes da poesia quanto por aqueles que ainda não estão acostumados com a leitura de poemas. Este é um ótimo livro para começar, por isso adoraria saber se algum de vocês aí já leu ou está pensando em ler também. Deixe seu comentário aqui em baixo, adoramos a participação de vocês.

Beijos.


Jéssica Martins 

3 comentários:

"O fruto de cada palavra retorna a quem a pronunciou" (Abu Shakur).