quinta-feira, 12 de março de 2015

Viagem a um: a melhor experiência que você vai ter- casos de uma viajante solo.

Hoje li um post sobre viajar sozinha e me inspirei pra escrever o meu! Só Deus sabe quantas vezes deixei de viajar por não ter companhia. Nem sempre as pessoas tem o tempo, dinheiro ou querem ir ao lugar que você quer ir. E assim, vivia reclamando e achando ruim. Um belo dia, uma viagem com uma amiga deu errado, ela não iria mais e eu, de passagem comprada, estava no dilema se iria ou não sozinha. Minha família toda contra. Diziam que eu ia morrer, ser estuprada, roubada e enganada. Amigos, alguns contra outros a favor. Foi quando conheci um viajante do mundo que me disse as exatas palavras: viajar sozinho é a melhor experiência do mundo. Você vai ver! Quando você for nunca mais vai querer parar. E né que esse demônio estava certo? A liberdade de se viajar sozinho, de se escolher pra onde vai, o que vai fazer e quanto tempo gastar em determinada atividade não tem preço. Muitos dirão: não gosto de ficar sozinho, Dermilive, é tedioso, não tem com quem compartilhar nada, nem dividir, NÃO TEM QUEM TIRE SUAS FOTOS e tals. Admito que existem seus prós e contras. Mas hoje vejo que são bem mais prós! Porque os contra são todos contornáveis. E se você me disser que não gosta de passar um tempo sozinho com você mesmo... cara tá complicado! Se nem você gosta da sua companhia, como espera que os outros gostem? Hahahaha. Eu me adoro! Amo estar com muita gente ao redor, conversando. Mas como professora e moradora de um lar onde vivem mais 7 pessoas + visitas, ter um tempo só comigo é raro. Tenho comprado viagens pra ir sozinha, mas meus amigos descobrem e tem se juntado a mim. Acho muito legal estar sendo vista como boa viajante e boa companhia, mas sinto falta de ir só também. A adrenalina de se estar sozinho, de não saber o que encontrar ou QUEM irá passar pelo nosso caminho... bom demais.
Viagem dos sonhos à Grécia. Fui sozinha e só me arrependeria se não tivesse ido
 Confesso que me acomodo bastante quando viajo com companhia. Faço amizades circunstanciais ou incluo no grupinho viajantes solitários. Nesta última viagem que fiz, fui com uma amiga, a Dani! Foi maravilhoso! Mas fizemos poucas amizadezinhas durante os 12 dias em que estivemos juntas. Horas após sua partida (ela foi antes que eu), conheci um canadense que trabalhava no hostel que estávamos hospedadas e eu nem notei. Ambos sozinhos na parada, esperando o ônibus, engatamos num papo que só teve fim com sua partida ao Chuy. Se estivesse acompanhada, provavelmente não puxaria assunto e deixaria de ter conhecido, mesmo que rapidamente, uma pessoa que em pouquíssimas horas me ensinou um pouco mais sobre a vida e ainda me fez sentir super especial. Ele disse: como trabalho num albergue, muita gente me conhece, mas eu não lembro de ninguém. De você eu vou lembrar, pode ter certeza disso! fofo! Ganhei meu dia! Hahaha. 
Eu e Dani em Punta del Este-Praia Brava.
Amiguchos fofos que conhecemos em Colônia: Marcelo e Márcia
Depois daí foram muitas pessoas que conheci, só pq estava sozinha e tinha minhas 20.000 palavras diárias pra gastar! Conheci 2 criancinhas que me encheram de carinho enquanto esperava o ônibus, donos dos restaurantes locais que até abraço e beijo me deram quando elogiei o ambiente e a pizza da pizzaria deles. Na volta pra casa, no avião, abri meu coração (em espanhol hahaha) para uma Uruguay fofa que mora na Nova Zelândia que foi ao meu lado no voo de volta pra casa! A amizade foi tanta que até convite pra ficar em sua casa quando eu for pra lá rolou. 
Salvador e Belém brincando com minhas coisas na espera do ônibus em La Pedrera.
É incrível como nos abrimos para conhecer o outro, e falamos coisas que as vezes não dizemos nem aos nossos melhores amigos. Isso passou com minha amiga Magdalena, Polonesa! Conheci Meg na minha viagem à Grécia. Cheguei sozinha na ilha Zakynthos e fui recepcionada com uma GARGALHADA do taxista ao escutar que estava viajando sozinha. Fiquei triste pelas pessoas terem pena de quem viaja só. Estava realmente sozinha. Meu telefone tinha quebrado e não havia computador no local que eu estava. Estava sem a mínima comunicação com o mundo. Fiz amizade com os donos do flat, que me apresentaram seus amigos do hotel da frente que me deixaram usar o computador do hotel pra me comunicar com minha família. Fiz amizade com o pessoal da rua dos restaurantes. Todos me conheciam, parecia que eu era moradora. Me senti em casa. Se estivesse acompanhada, possivelmente não sentiria a necessidade de conhecer tantas pessoas pra não me sentir sozinha. E teria perdido a oportunidade de me relacionar com um povo tão amigável e hospitaleiro quanto os gregos. Num passeio que fiz a outra ilha conheci a Meg, que também estava sozinha. Como sou sem-vergonha, puxei papo. Ela respondeu secamente. Quase desisti. Depois tentei de novo e ela tá conversando comigo até agora! Nos tornamos boas amigas, revelamos segredos de nossas vidas uma a outra e nem a distância acabou com essa amizade. Nos falamos quase todos os dias pelo whatsapp e nos ligamos via skype ocasionalmente. Nos damos conselhos amorosos e escutamos os lamentos e alegrias uma da outra.
Meg e eu em Myrthos bay na ilha de Kefalonia-Grécia. Viagem dos sonhos!

Outras vezes quis SIM ficar sozinha, com minha companhia, sabe? Só eu e eu! Mas é incrível como brasileiro se ama! Me ouvem falar português ou dizer que sou brasileira: colam nimim. Hahahaha.  Estava de muito mal humor um dia em Genebra e disse: hoje quero estar SOZINHA. Odeio as pessoas. Fui fazer um city tour e um senhorzinho americano cismou em ficar puxando papo comigo. Eu respondia às perguntas com educação mas fugia do meu eu normal em puxar assunto. Até que ele cita a vergonhosa derrota pra Alemanha na copa e 2 brasileiras que eu já vinha ouvindo conversar a viagem toda se viram instantaneamente pra mim: você é brasileira? Colaram em mim! 2 paulistas lindas de viver... fizemos passeios juntas, comemos, fizemos compras, como velhas amigas! Pena que não as encontrei no facebook! Um dia perdida pelas ruas de Cesky Krumlove- República Tcheca, vi outra menina também perdida... nos olhamos e começamos a rir. Nos juntamos, encontramos nossos albergues e perguntei: quer conhecer a cidade comigo? Ela: sim! E passamos 2 dias incríveis. E o melhor, a menina é fotografa profissional e tirou fotos BELÍSSIMAS minhas! 
A perdida amiga canadense Katie e eu comendo um delicioso Trdelník de nutela em Cesky Krumlove .
A minha cara de pau já chegou a níveis extremos quando estou sozinha. E a dos outros também. Em Lisboa, conheci um senhorzinho, com seus 76 anos, que me ofereceu ensinar como chegar aos Pasteizinhos de Belém de metro. Saiu de sua rota, me levou pra comer com ele (pagou inclusive o meu!) e passeou o dia inteiro comigo, me contando histórias de sua vida e dos lugares famosos pelos quais passávamos. 
Pastelzinho de Belém original, ô delícia!
Coloca a sua timidez de lado e esteja sempre aberto aos que puxam assunto. Temos deixado de conhecer pessoas incríveis por medo ou falta de esforço. Nem todo mundo é mau ou quer te fazer mal. Confia no teu sexto sentido e, claro, nas circunstâncias dos convites. Muito da minha mudança de estilo de vida tenho atribuído a isso, a conhecer pessoas e compartilhar com elas as minhas e as suas histórias de vida. Ver que o mundo não é tão mau e egoísta assim. Que algumas pessoas ainda se importam! É renovar a esperança na humanidade. Preciso me policiar para não só esperar estar sozinha pra conhecer gente nova! Sair da zona de conforto que só viajar sozinha me proporciona e buscar conhecer pessoas a cada lugar que vou. Aprender ou ensinar alguma coisa. Cada pessoa que passa por nossa vida deixa uma marca. Cabe a nós aprender com cada uma delas. Aprender sobre nós mesmos e sobre os outros. Amadurecer, nos tornarmos pessoas melhores.

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"O fruto de cada palavra retorna a quem a pronunciou" (Abu Shakur).